19/02/2013
Em 2011, Janos Perczel, um estudante da Universidade de St. Andrews, na Escócia, publicou o estudo de uma “esfera invisível” que fazia de tela em relação à luz, tornando o objeto invisível. O jovem cientista explicou à Voz da Rússia a sua invenção e falou sobre os seus novos projetos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
– Como teve a ideia de criar um objeto ótico que ficasse invisível sobre um fundo policromático?
– Esse projeto abrangeu uma grande quantidade de cientistas. Um deles era o Professor Ulf Leonhardt, o meu orientador. Ele não só me ajudou com o projeto, como me inspirou, assim como o Professor Tomas Tyc. O Professor Leonhardt e o Professor Tyc estavam a trabalhar no problema da criação de um objeto que ficasse invisível durante algum tempo sobre um fundo policromático. Quando eu me juntei ao projeto, os cientistas tinham conseguido criar um objeto que ficava invisível apenas com um só fundo monocromático. Eu comecei a estudar outros métodos e cheguei à conclusão que a esfera invisível deveria absorver a luz para permanecer invisível com qualquer cor de fundo. Já a ideia da utilização da tecnologia de conversão na esfera ótica veio-me à cabeça durante o café da manhã.
– O que é a “esfera invisível”? É aquilo que os autores de ficção científica descrevem nos seus livros?
– Entre a nossa esfera e aquilo que vocês vêem nos filmes do Harry Potter há uma diferença substancial: o nosso objeto não muda a forma. Aquela flexibilidade das capas que se vê nos filmes é muito complicado reproduzir na realidade. Mas existem estudos disso, especialmente na Universidade de St. Andrews. A Doutora Andrea Di Falco inventou uma forma de criar metamateriais flexíveis (materiais artificiais a partir de moléculas grandes unidas em determinadas condições) que pudessem mudar de forma, mas neste momento só existem as formas esférica ou quadrada de objetos invisíveis, que foram criados para as experiências em laboratório.
– Como podem essas esferas ser usadas na vida quotidiana?
– É muito difícil dizer como é que isso pode ser usado na prática, visto que durante as investigações nunca se pensa nisso. Quando os cientistas enfrentam a questão de uma nova invenção, eles pensam na solução de um problema científico concreto e não na sua possível utilização futura. Não gostamos mais de estudar o desconhecido. Já a utilização prática da nova invenção deverá ocupar os engenheiros, designers ou diretores de produção que conhecem melhor o mercado de consumo. É evidente que a nossa invenção pode ser utilizada quando for necessário tornar um objeto invisível. O principal, é essa esfera invisível não ser usada com fins militares, especialmente na criação de armas invisíveis. Eu espero que a minha invenção seja usada com fins pacíficos. Por exemplo, para proteger as pessoas das radiações nocivas.
– No Instituto de Tecnologia de Massachusetts chegou a se cruzar com algum trabalho de investigação que o tenha surpreendido?
– Eu só estou lá há meio ano e durante esse tempo é difícil conhecer totalmente todos os projetos de investigação do instituto. Estás sempre a ouvir que agora criaram um novo robô, uma nova tecnologia informática ou descobriram uma nova abordagem de uma ideia científica fundamental. Mas eu posso destacar um projeto, que é dirigido pelo Professor Marin Soljacic. Ele está a trabalhar no estudo da eletricidade sem fios que ele chamou de “witricity”. A energia não é transmitida por fios, mas sim através da interação de ressonância magnética. Essa ideia não é nova, mas o professor Soljacic conseguiu organizar o trabalho de uma forma tal, que no futuro mais próximo nos aguardam transformações revolucionárias no funcionamento dos dispositivos eletrônicos.
Fonte: A Voz da Rússia